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Criatividade Fotografia

MD Entrevista: Isabella Diniz

Hoje trago para vocês uma conversa super bacana com a fotógrafa Isabella Diniz. Natural de Recife-PE, estuda atualmente no curso de Comunicação em Mídias Digitais da UFPB. Ela nos conta como começou sua aventura pelo mundo da fotografia e sobre seus projetos mais recentes.

Isabella Diniz
Autorretrato de Isabella Diniz

De onde veio o gosto pela fotografia?

Eu sempre gostei muito de observar imagens, mesmo quando eu ainda não tinha noção do que era fotografia. Lembro que eu passava muito tempo olhando as fotos das capas dos CDs que eu tinha, das revistas da minha mãe e achando aquilo tudo muito legal e bonito. Quando eu tinha 7 anos fui numa loja de brinquedos que tinha uma câmera analógica da Barbie e lembro como se fosse hoje como aquele dia foi feliz por ter ganhado ela de presente hahaha. Mas acredito que passei a entender o que era fotografia com os autorretratos. É engraçado lembrar dessa época, por que tinha toda uma produção e durava um dia inteiro minhas sessões hahaha. Mas foi aí que fui entendendo como a luz, os ângulos, a edição podiam influenciar na foto e em mim… Eu só tinha uma câmera compacta muito simples e ainda não era a época das selfies, mas eu aprendi a me enxergar melhor através a fotografia e ao longo do tempo a enxergar os outros.

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foto: Isabella Diniz

Quais suas inspirações?

Eu guardo muita referência do que vejo, minha lista de favoritos marcados como inspiração é enorme. Acho importante buscar inspiração não só nos fotógrafos, mas em livros, videoclipes, nas artes e até nas pessoas ao seu redor. Minhas inspirações variam muito. Na pintura gosto muito de Caravaggio, John William Waterhouse e Edward Hooper, muitos outros são artistas que encontro pela internet. Na fotografia eu tenho inspiração em quase todas as áreas e eu poderia passar o resto da vida citando o nome de todos haha. Amo o trabalho do Steve McCurry, no fotojornalismo e as séries do Duane Michals e do Jean-Loup Sieff. Recentemente gosto de acompanhar o trabalho do “You Can’t be Serious”, Sônia Szóstak (amo), Theo Gosselin, Angelo Bonini… Tem muita gente fazendo coisas incríveis, essa pergunta é a pergunta mais difícil de responder hahaha.

 

Gosto de tentar mostra nos outros o que eles não veem.

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foto: Isabella Diniz

Você tem algum estilo como referência?

Gosto de arte por ela ser capaz de transmitir sensações, e isso inclui a fotografia. Se eu sinto algo, ela é uma referência pra mim. Não sei se sigo um estilo único como referência. É possível encontrar fotografias incríveis em todos os segmentos. Talvez eu me interesse mais por “fotografia de gente”, mas também sou bem aberta em relação a isso.

 

O que você mais gosta em fotografar?

Pessoas. Gosto de tentar mostra nos outros o que eles não veem. A fotografia pra mim é um desafio justamente por isso. O que é mais bonito em cada pessoa? A beleza física não é o que torna a foto de alguém bonita, e quando digo bonita não é necessariamente a beleza padrão, mas sim algo que nos faça pensar, que nos traga coisas boas. Adoro fazer retratos e idealizar ensaios que façam as pessoas se reconhecerem, ao mesmo tempo de surpreenderem com o que são.

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foto: Isabella Diniz

Você tem um cuidado especial com as fotos no momento da entrega. De onde veio essa ideia?

A apresentação é muito importante. Se aquela pessoa te contratou, ela confiou em você e merece muito que tudo seja feito com muito carinho. A forma de entrega representa isso. E também acho muito divertido personalizar cada embalagem, entregar as fotos impressas e os álbuns.

 

Nos conte o caso de uma das suas fotos que foi publicada na revista Vogue Itália.

Na verdade não foi na revista em si. O site deles tem um espaço onde você pode criar um portfólio, mas há uma moderação. Você cria sua conta e manda as imagens que quiser, mas só as que são aprovadas pelos editores podem ficar expostas por lá e nesse caso foi isso. Fiquei muito feliz quando a primeira foto que mandei pra lá foi aprovada, você fica lado a lado de vários fotógrafos incríveis de todo o mundo.

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foto: Isabella Diniz

Você já trabalhou com projetos audiovisuais. Pretende investir nessa área ou continuar focando mais na fotografia?

Não tenho a mesma segurança que tenho na fotografia no audiovisual, a base é a mesma, mas os processos são diferentes. Já aprendi bastante, mas ainda tenho um longo caminho a percorrer. Penso em futuramente unir meu trabalho na fotografia ao vídeo e oferecer algo diferente, algo que tenha a ver com arte. Mas agora continuo mais focada na fotografia.

 

uma realidade diferente da nossa não necessariamente é melhor ou pior, é apenas diferente.

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foto: Isabella Diniz

Você está concluindo seu TCC este ano, que se trata de uma proposta fotográfica. Você pode falar um pouco sobre ele?

O projeto surgiu da vontade de retratar o cotidiano de moradores da zona rural e de mostrá-los como personagens principais da própria história. Eu viajei pelo interior da Paraíba para fotografar quinze moradores de sítios em suas atividades diárias e depois voltei a visitá-los para entregar as fotografias reveladas em tamanho 15×21 como forma de retribuição, os retratos que fiz durante a entrega dessas fotos é o resultado da série fotográfica. Ainda estou finalizando algumas coisas, mas todas as fotos estão em um tumblr com uma breve citação dita por cada um dos participantes. Mais do que documentar ou registrar um estilo de vida, o projeto tem intenção dar voz a pessoas anônimas e mostrar que uma realidade diferente da nossa não necessariamente é melhor ou pior, é apenas diferente.

Projeto fotográfico de Isabella Diniz
Projeto fotográfico de Isabella Diniz

O que você recomenda pra quem tá querendo começar nessa área agora?

Acreditar no que faz e ser persistente. Aprender as técnicas é o mais fácil, difícil é saber lidar com os “clientes” que elogiam seu trabalho, mas não querem pagar por ele, com as críticas e encontrar um espaço no mercado. É preciso se manter atualizado e saber o que se quer fazer, por que se não é muito fácil perder o foco desistir da profissão. E também estudar outras coisas além da fotografia em si, pesquisar um pouco sobre marketing, gestão de negócios, design…

 

Se você gostou do trabalho de Isabella Diniz, não deixe de visitar seu site: isabelladiniz.com

 

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Criatividade Design

Type to Design

Uma vez, meu professor de fotografia do curso de Comunicação em Mídias Digitais, Dorneles Neves, disse que era possível escrever o alfabeto com fotografia. Apenas procurando letras em objetos do cotidiano, sem nenhuma manipulação. Aceitei o desafio (valia nota, hehe!) e fiz isso:

Layse

 

Anos depois, navegando pela internet, eis que encontro um site com uma proposta parecida. No Type to Design (typetodesign.com) você digita uma palavra, e cada letra é representada de alguma forma: fotografia ou ilustração. O legal é que você pode mudar as letras clicando nelas. São milhares de representações gráficas para cada uma. Depois que você faz sua arte, você pode baixar uma cópia em PDF. Fiquei horas brincando e aqui estão alguns dos resultados:

Type to DesignType to Design  Type to Design

O legal desse site é que ele foi feito por várias pessoas diferentes. O projeto 36 Days of Type consiste num desafio em que se deve postar no Instagram diversas variações de types durante 36 dias com a #36daysoftype. O resultado foi está biblioteca de tipos das mais variadas formas possíveis.

Type to Design
#36daysoftype no Instagram

Pra saber quem fez cada letra, basta posicionar o cursor em cima dela. No canto direito vai aparecer o nome do criador e a página da postagem. Se você se interessou pelo projeto, acompanhe os próximos dias da maratona na página do Facebook ou seguindo eles no Twitter.

Agora te passo o mesmo desafio que meu professor fez. Escreva seu primeiro nome com fotografias de cada letra. Não vale manipular ou usar Photoshop. Boa Sorte!

 

Saiba mais sobre o projeto no site: www.36daysoftype.com ou segue eles no Instagram (@36daysoftype)

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Arte Criatividade Ilustração

Passo-a-Passo: Construindo um personagem

Já pensou em criar um personagem? Sua personalidade e suas aventuras correndo o mundo em busca de um objetivo? Pois hoje trago para vocês um simples passo a passo da criação de um personagem, desde seu projeto em papel até a confecção do mesmo.

Vamos separar este processo em três etapas: biografia, design e concepção.

Biografia

Para começar, escreva a biografia do seu personagem: quem ele é? O que faz? O que busca? Quais são os seus sonhos? Quais seus talentos? Quais seus defeitos? Quais dificuldades tem que enfrentar? Ele é preguiçoso ou corajoso? É responsável ou não? Tem família? Emprego? Tente traçar a personalidade dele. As respostas dessas perguntas construirão as Características Psicológicas do personagem. Se quiser, faça um pequeno resumo da história. Isso vai facilitar muito o processo criativo.

Depois de desenvolver o psicológico de seu personagem, vamos partir para as Características Físicas. Explique como é cada parte do corpo: altura, cor de pele, cor de cabelo, tipo de cabelo, braços e pernas (finas, grossas, curtas ou compridas), corpo (fino, volumoso, barriga localizada ou não), cabeça, mãos, pés e vestuário. Com isso feito, chegou a hora de batizá-lo. Escolha um nome que combine com ele.

Design

Agora que você conhece seu personagem, podemos começar a desenhá-lo. Uma boa dica é pegar várias referências que se aproximem do que você quer fazer. Com essas figuras em mãos, faça um estudo de proporção. Primeiro trace uma linha no meio e conte quantas “cabeças” ele possui. Essa técnica toma como base a medida da cabeça para formar o corpo do personagem.

Procure pegar partes do corpo de várias referências. Pegue o nariz  e os olhos de um e o formato do rosto de outro. Vá montando seu personagem e se sinta livre para criar!

Faça um Model Sheet, com a visão de vários ângulos do personagem. Você também já pode fazer o estudo de cor. Teste diferentes combinações. No exemplo, eu fiz o estudo de cor e alguns ângulos do personagem. Você pode desenhar as expressões faciais ou gestuais também.

Moodel sheet do personagem
Model Sheet com a proporção das cabeças e estudo de cor

 

Concepção

Você já tem a base de seu personagem para aplica-lo em um livro, HQ, animação etc. Como exemplo de aplicação, vou mostrar como seria transformá-lo em um boneco usando massa de porcelana fria, também conhecida como Biscuit. Você pode usar outros materiais também.

Comece preparando seu ambiente de trabalho. Para deixar o boneco mais firme colocarei arame em seu interior, então tenha um alicate para trabalhar com este material:

Ambiente de trabalho

 

Faça um esboço. Aqui eu estou trabalhando com a altura de 15cm:

Esboço do personagem

Para trabalhar com a massa de Biscuit, você tem que colorir ela. Eu uso tinta a óleo para esta etapa. Aqui misturei duas tonalidades para alcançar a cor desejada:

Colorindo a massa

 

Modele a massa no formato do tronco do personagem. Detalhe para o arame que passa pelo centro do que virá a ser o corpo dele:

Modelando a massa

 

Para os braços, faça uma cobrinha e corte no tamanho adequado. Usei o esboço para medir os braços:

Fazendo os braços

 

Coloque o arame por dentro dos braços para dá mais sustentação:

Colocando arame nos braços do boneco

 

As mangas são duas simples bolas coladas com cola branca na estrutura do braço:

Fazendo as mangas para os braços

 

Agora faça o pescoço. Depois começamos a construir alguns detalhes da roupa:

Roupa do personagem

 

A construção das pernas segue a mesma lógica das cobrinhas. Já a calça, são duas bolinhas maiores que as mangas. Faça um leve amaçado em um dos lados da calça para encaixar melhor no corpo do personagem:

Construindo a perna e a calça

 

Com mais alguns detalhes já está tomando forma:

Primeira montagem do boneco

 

Eu acho as mãos a melhor parte! Você faz uma pequena bola, pequenas cobrinhas para os dedos e cola tudo. Aqui fiz também o detalhe da luva que você pode ver no ultimo quadro:

Passo a passo  das mãos

 

Para a construção dos sapatos, coloquei porcas de parafuso pra ajudar o boneco a ficar em pé. O encaixe na perna também é feito com arame:

Montagem dos sapatos

 

A melhor parte da cabeça é cortar o cabelo. Sério, é muito bom! Já o nariz é chatinho de fazer:

Fazendo a cabeça e o cabelo

 

Os olhos são mais simples:

Olhos do personagem

 

Agora vamos colocar a cabeça no lugar:

Encaixando a cabeça

 

O chapéu é formado de pequenos triângulos colados em um aro de Biscuit. Coloquei alguns detalhes como umas tirinhas nos cantos e bolinhas nas pontas:

Construindo o chapéu

 

Vamos pintar as pupilas dos olhos com uma caneta Nankin. Não é tão fácil quanto parece:

Pintando as pupilas

 

Para prender o chapéu na cabeça, use um arame:

Colocando o chapéu  na cabeça

 

Resolvi colocar o boneco em um suporte feito da mesma massa. Isso para garantir que ele ia ficar bem fixo em superfícies planas:

O suporte também é feito com Biscuit

 

E voalá, está pronto o personagem! Este é o Alam, prazer!

personagem-pronto

 

Agora é sua vez de criar o seu. Não esqueça de compartilhar sua criação com a gente!

Até a próxima!

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Criatividade Design

Consumo racional vs emocional: Eu quero aquela maçã!

Faça uma promessa

Nunca mais tente enganar a si mesmo, ou aos outros, tentando justificar aquela sua compra cara de modo racional. Nem sempre consumimos as coisas porque elas são úteis ou realmente precisamos daquilo. Muitas vezes o que vai parar no carrinho de compras é um acessório facilmente substituível por outro muito mais barato.

Agora que nós estamos entendidos, vamos entender um pouco sobre os casos de consumo e quais são os fatores que mais influenciam na hora de fazer uma compra. Claro que existem muitas variáveis envolvidas, mas podemos dividi-las, incialmente, em dois grupos: Os racionais e os emocionais.

Necessidade vs Fetiche

A luta interminável entre o que nós precisamos e o que nós queremos (e o que podemos pagar), esse é o estopim da guerra entre os dois lados do nosso cérebro que acontece todo dia quando entramos em sites de compra ou passamos por uma lojinha de conveniências qualquer.

Não é à toa que essa guerra existe e ela não tem data pra acabar, na verdade o que acontece é muito simples: Nós somos atraídos por produtos que parecem mais peças de decoração do que objetos funcionais, parte do que somos é atraído por objetos bonitos, simétricos, modernos, rústicos, vintage, pop, clássicos e a lista vai longe, aqui o que muda é o gosto de cada um.

A necessidade

Tudo começa com uma necessidade básica como, por exemplo, a de fazer anotações. O que eu posso comprar para fazer anotações? Pode ser um caderno, um bloco de notas ou uma agenda. Basicamente qualquer pedaço de papel irá cumprir bem a função para o meu problema que é “anotar coisas”.

Cada um dos itens citados irá resolver isso com um grau de eficiência diferente e, até certo ponto, justificar essas diferenças é consumir de forma racional. Não adianta comprar um bloco de post-it para fazer anotações em reuniões de trabalho, é melhor que seja um pequeno bloco, que já deixa de ser funcional caso eu precise fazer rabiscos e desenhos, nesse caso um caderno sem pauta é bem mais interessante.

Então, basicamente, o consumo direcionado pela necessidade é puramente racional, estou apenas procurando resolver um problema com objetos simples que podem ser encontrados em qualquer papelaria (no caso deste exemplo).

O fetiche

Entretanto, às vezes o fator que motiva a compra de um produto não é só a necessidade, é o que aquele produto específico representa. Pode ser exclusividade, prestígio e até status. Então se usarmos o mesmo exemplo de antes, a necessidade for um objeto para fazer anotações e o perfil de consumo está pendendo para o lado emocional, então é provável que a escolha seja mais refinada e que o consumidor busque uma alternativa como um caderno Moleskine, um modelo de caderno similar ao usado entre o fim do século XIX e o começo do século XX por artistas como Pablo Picasso, jornalistas como Ernest Hemingway e poetas como Oscar Wilde.

Agora as coisas ficam bem mais claras e podemos perceber que o fator emocional de compra está diretamente relacionado ao que, falando em semiótica, chamamos de convencional simbólico daquele produto. É o que ele representa socialmente para as pessoas e, especialmente, como são vistos os indivíduos que usam estes objetos. E é aqui que a conversa muda, agora estamos falando de marcas e o que elas representam para pessoas que compram, pessoas que usam e pessoas que vêem outras pessoas usando.

Tudo isso vai depender de outra série de fatores emocionais e psicológicos dos quais não pretendo me aprofundar, mas de forma superficial: Marcas; essa conversa toda é sobre marcas. Se eu comprar um Porsche eu terei uma visão social de terceiros completamente diferente da que eu teria caso eu tivesse optado por comprar um Honda Civic e é por isso que eu optei por comprar um Porsche. Se eu comprei esse carro eu devo estar atrás dessa visão social diferenciada, mas vou dizer que, na verdade, meu dia a dia requer um carro de luxo mais potente e seguro… para andar a 20km/h no trânsito da cidade grande.

Por isso não precisamos mentir quando compramos algo pensando mais em estilo, status e “marcas”. É porque fica óbvio e até difícil se defender, ninguém compra um carro de luxo de R$ 300.000,00 para andar na mesma velocidade de outros milhões de carro que são, pelo menos, 10 vezes mais baratos (e talvez mais econômicos em muitos aspectos).

Não existe 8 ou 80

Se ainda não ficou claro, esse será o parágrafo do esclarecimento e iluminação para que sua alma descanse em paz essa noite: Nenhum dos tipos de consumo é errado ou fútil, eles são apenas diferentes. Não tem nenhum problema consumir um produto só porque gostamos dele, quem conhece a loja imaginarium e é fã de artigos criativos provavelmente já saiu com uma sacola de R$ 500,00 e não usou a maioria das coisas mais de uma vez na vida.

Para fechar este artigo deixando um gostinho de quero mais para os curiosos, aconselho que leiam o livro Emotional Design: Why we love or hate everyday things — Donald Norman

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Criatividade Ilustração

MD Entrevista: Jessé Luiz

Jessé Luiz é desenhista e ilustrador. Com seu estilo Cartoon, Jessé se expressa por meio de suas criações. Seu gosto pelo desenho começou na infância e nunca mais parou. Hoje ele possui mais de 200 obras produzidas e compartilhou com a gente suas experiências.

Autorretrato de Jessé Luiz
Autorretrato de Jessé Luiz

Você é natural de João Pessoa?

Jessé: Sou de “jampa” mesmo. Nasci aqui e espero não morrer aqui [risos]. Não que eu não ame essa cidade, é que quero conhecer o mundo.

Quando você começou a desenhar e por que?

Jessé: Bem, eu desenho desde que me conheço por gente. Pelo que me lembro eu desenhava antes de começar a ler e a escrever. Eu desenho porque acho que pra mim é a única forma de me expressar inteiramente. Não sou bom escritor, não entendo nada de música, mas me sinto confortável rabiscando alguma coisa no papel ou no PC.

Scott Pixel, de Jessé Luiz
Scott Pixel, de Jessé Luiz

Você se inspira em algum artista ou estilo?

Jessé: Claro, acho que todo artista se inspira em alguém. No meu caso a inspiração não serve apenas para formar meu estilo, mas para formar meu caráter. Existem pessoas que me ajudaram muito nessa área. Em questão de estilo eu me inspiro em desenhistas como Gustavo Duarte, Joe Madureira, Creaturebox, entre outros.

O Mago é Implacável, de Jessé Luiz
O Mago é Implacável, de Jessé Luiz

Como você descreve seu estilo?

Jessé: Muito louco! [risos] Meu estilo é o que pode ser chamado de Cartoon, (levando em consideração a divisão Cartoon, Comics e Mangá). Apesar de ser Cartoon, eu não tenho muita influência das grandes empresas que utilizam esse estilo, Disney e DreamWorks, porque me identifico mais com desenhos e anatomias de monstros e criaturas grotescas, mas as vezes eu faço desenhos fofinhos.

Monster, de Jessé Luiz
Monster, de Jessé Luiz

Das suas criações, qual você mais gosta?

Jessé: É difícil dizer. Eu aprendi que seu melhor desenho é aquele que você ainda não fez. Mas eu gosto muito das minhas ilustrações do universo de Sandman de Niel Gaiman.

Morte (à esquerda) e Destino (à direita), de Jessé Luiz.
Morte (à esquerda) e Destino (à direita), de Jessé Luiz.

Você já foi contratado para fazer ilustrações?

Jessé: Já. Geralmente são encomendas pessoais, quadros, estampas para camisa etc., mas recentemente fui convidado para um projeto de quadrinho independente muito legal chamado Devaneios. Minha primeira participação em um quadrinho, apesar de já ter feito algumas tirinhas.

Você prefere desenhar em papel ou no digital?

Jessé: O desenho analógico tem a magia da textura do papel, de se sujar de tinta ou nanquim, mas acho que o desenho digital tem a vantagem de rapidez na produção, e para o artista é mais barato. Mas não acho que o desenho analógico irá morrer. O mercado é grande e tem espaço para tudo e todos.

Mario, de Jessé Luiz
Mario, de Jessé Luiz

Quanto tempo em média você leva para concluir uma ilustração?

Jessé: Em média de 3h a 5 horas. Estou tentando diminuir esse tempo. Mas no geral, em dia de semana, por conta das obrigações da faculdade, eu faço mais speed painting, ou seja, ilustrações de 30 minutos a 1 hora.

I am Groot, de Jessé Luiz
I am Groot, de Jessé Luiz

O que você acha do mercado para ilustração?

Jessé: Acho que está fervilhando de oportunidades, desde criações de mascotes para empresas à ser desenhista de um título grande da Marvel. Tudo só depende de você. Se você tem o sonho de ser desenhista você tem que correr atrás, estudando, treinado, sempre se aprimorando, porque o mercado tem oportunidades, mas é um mercado competitivo. Se você não se preparar par ser o melhor, as portas se fecham para você. Existem “facilidades” para seu primeiro trabalho publicado. A regra de ouro do mercado hoje é “se lançar”. Hoje em dia você tem estúdios que ensinam e ao mesmo tempo são agências, ajudando em seu primeiro Job. E ainda temos o Crowdfunding, como o Catarse, que lhe ajuda na sua produção independente.

Pulp Hazel e Cha-cha, de Jessé Luiz
Pulp Hazel e Cha-cha, de Jessé Luiz

Você já colocou um projeto seu no Cartase?

Jessé: Não, mas é meta pra esse ano de 2015. Mas já estou envolvido em um projeto coletivo, como já falei acima, se chama Devaneios e é um projeto super bacana que conta com muitos desenhistas bons, e eu no meio.

Você pode falar um pouco mais sobre o Devaneios?

Jessé: Claro, Devaneios é uma HQ escrita por Jefferson Pereira e ilustrada por mais de 30 artistas, cada desenhista desenha uma página com total liberdade artística. São 6 histórias no total, as histórias são devaneios, quase um sonho acordado, os roteiros tão lindos. Vale o apoio para que esse projeto se torne realidade.

Ramona, de Jessé Luiz
Ramona, de Jessé Luiz

Você tem alguma consideração final?

Jessé: Tenho. Quero agradecer por essa oportunidade de poder falar um pouco sobre o que gosto de fazer. E quero pedir do fundo do meu coração que os pais que estiverem lendo essa entrevista apoiem os sonhos de seu filhos, seja o sonho dele ser desenhista, musico, tanto faz. Eu falo isso porque no início das minhas descobertas nesse mundo ilustrado, eu vi que dava pra viver fazendo o que mais gosto, mas meus pais vieram com um balde água fria: “isso não dá dinheiro… você vai morrer de fome… isso não é profissão, vá fazer um concurso público…”. Não façam isso com seus filhos. E filhos, não deixem que nada fiquem no caminho do seus sonhos.

 

Se você quer conhecer outros trabalhos de Jessé Luiz ou bater um papo sobre ilustração, visite sua página no Facebook. Ou entre em contato pelo email: jesseluiz88[at]gmail.com