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Hoje não estou afim de trabalhar

Imagem por Nick Turner.
Imagem por Nick Turner.

Quem nunca disse isso?

Por mais incrível, maravilhoso e recompensador que seja o seu trabalho, todos nós já falamos isso pra nós mesmos (ou até para nossos amigos/colegas de trabalho). Sempre rola um dia de não estarmos afim de trabalhar ou de fazer alguma obrigação. Isso é, totalmente, um direito nosso.

Agora, não estar afim de fazer algo não tem nenhuma relação com NÃO FAZER o que você precisa fazer.

Uma coisa que a gente precisa entender sobre a vida é que nosso humor pessoal afeta diretamente todas as nossas atividades. Muitas vezes isso é bom – como é no caso de estarmos super empolgados por alguma notícia que recebemos, e aí trabalhamos com mais energia e disposição. Mas da mesma forma que a alegria afeta positivamente o nosso trabalho, a tristeza ou o tédio também afetam, mas de forma contrária.

Já repararam em programas de televisão – se é que alguém ainda assiste televisão :~ – que os apresentadores sempre estão dispostos e cheios de energia para entreter o público, fazer você rir em casa e receber seus convidados? Será que eles nunca tiveram essa sensação de não querer fazer o programa “ao vivo” porque não estavam afim? Com certeza! Mas eles não deixam que o sentimento pessoal deles interfiram no dia-a-dia de trabalho – ou pelo menos eles tentam ao máximo que isso não aconteça.

Quando trabalhamos para nós mesmos esse sentimento acaba sendo facilmente satisfeito com “um dia de folga”. A gente decide se desligar do trabalho por um dia tranquilamente, porque – claro! – eu que mando no meu tempo. E é aí que mora o problema, porque sem o devido controle acabamos entrando num ciclo vicioso de aliviar qualquer dia ruim com uma folga no trabalho.

Uma das partes mais difíceis em empreender é ter o auto controle das coisas. Está certo que somos nós que definimos nossa rotina, mas também somos nós que temos que cumpri-la, senão as coisas saem do lugar.

Tento me policiar ao máximo para não deixar que meus sentimentos pessoais interfiram, negativamente, no meu trabalho. É um esforço contínuo que você precisa fazer para conseguir executar as atividades normalmente.

Sempre vamos ter dias ruins na vida. Deixar que isso interfira na rotina de trabalho é perder o controle das coisas, ficar refém disso. E essa não é uma atitude empreendedora.

A pior sensação que alguém pode ter é de olhar para trás e perceber que poderia ter feito muito mais do que fez. Por isso, trabalhe no seu auto controle e evite deixar que essa sensação de não querer trabalhar algum dia interfira no seu desempenho profissional.

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Trabalhando com pessoas diferentes

Photo via kaboompics.com
Photo via kaboompics.com

Trabalhar em equipe nunca é uma tarefa fácil. Ainda mais quando você não conhece ninguém que vai trabalhar com você. Esse foi o meu principal desafio no Recife Service Jam (RSJ).

Antes de contar minha experiência, é importante você entender a dinâmica do evento. O RSJ é uma edição local da Global Service Jam, que acontece simultaneamente em dezenas de cidades ao redor do mundo, e consiste em 48h dedicadas a desenvolver uma solução de serviço com base em um tema que só é revelado nas primeiras horas do evento. As equipes são definidas por sorteio e o tema é o mesmo para todas as cidades. Esse ano o tema foi um som. Isso mesmo que você entendeu: soltaram um som para escutarmos e inspirado nele tínhamos que criar uma ideia de serviço. Crazy né? Mas foi muito massa!

Como minha empresa é focada em serviços, não tive dúvidas ao me inscrever. Fui com muita expectativa de imergir no evento e aproveitar cada oportunidade e desafio que ele me proporcionasse (uma curiosidade é que até chegar no evento, não tinha a menor ideia de como ia ser, apenas sabia que utilizavam o Design Thinking em soluções para serviços).

Apesar de já ter uma certa experiência em eventos desse tipo, por conta da minha vasta participação em Startup Weekends, tentei não me bloquear porque sabia que isso iria me prejudicar na experiência do fim de semana. E é aí que começa a parte interessante do evento.

Fizeram o sorteio das equipes que iriam trabalhar durante as próximas 48h e acabei caindo em um grupo com uma mistura interessante de áreas: 2 administradores (sendo um com foco e Computação e outro em Economia Colaborativa), 1 economista, 2 designers (um de jogos e outro focado em branding) e 1 arquiteto. Um time bem multidisciplinar com pessoas que não se conheciam tentando criar uma solução de serviço com base em um som. Imaginem como foi a experiência.

De início, tomei uma atitude mais defensiva, já que não conhecia ninguém. Preferi ver como o pessoal trabalhava e como eu poderia contribuir com o que sei para o benefício do grupo. E é incrível como a gente consegue aprender com mentes tão diferentes. Nosso facilitador, que era da área de Design, nos orientou durante todo o evento e desenvolveu um papel bem importante no grupo. Ele não era “oficialmente” membro da equipe, mas podia nos ajudar a desenvolver as ideias, estruturar o pensamento e botar a mão-na-massa junto com a gente. Em vários momentos que estávamos perdidos, foi o nosso facilitador que juntava a gente e tentava clarear as coisas.

O primeiro dia foi mais para nos conhecermos. Já no segundo conseguimos ter intimidade suficiente para batermos de frente com os pensamentos expostos. Sim, amigos! A melhor coisa na face da Terra é ter intimidade. Porque é com a intimidade que você consegue ser franco sobre seus pontos de vista e consegue argumentar melhor. A pior coisa de uma equipe é quando todos concordam com tudo. Como que o pensamento e as ideias vão evoluir sem que haja o famoso “choque” de pensamentos? Quando as coisas entram em um conflito (saudável, diga-se de passagem), tudo evolui, sai do nível 1 e vai para o nível 2. E isso foi o que aconteceu conosco no segundo dia: choque de ideias, de pontos de vista, de processos que achavam melhores e coisas do tipo.

No entanto, uma coisa que eu sempre defendo (e quem me conhece não me deixa mentir) é que temos sempre que trabalhar nos divertindo. Acredito muito que o bem-estar no trabalho é fundamental para o bom desenvolvimento dos resultados, de ideias inovadoras e trabalhos bem executados. E durante todo o fim de semana eu bati muito nessa tecla com a nossa equipe: o importante não é vencer a competição em si, mas se entregar de corpo e alma no processo que a gente estava passando, e nos divertir ao mesmo tempo.

Com isso em mente, criamos um vídeo bem cômico para explicar nossa ideia, fizemos uma apresentação de Pitch com Emojis, criamos apelidos entre nós, etc. Enfim, aproveitamos o final de semana para nos divertirmos.
No final de tudo, acabamos superando 9 equipes e ficando em 2ª lugar no RSJ, com uma apresentação simples, mas marcante; com uma equipe totalmente desconhecida, mas que viraram amigos; com uma ideia que partiu de um som, mas que virou um serviço extremamente necessário para as pessoas.

Por isso, ao enfrentar uma situação onde você esteja com uma equipe completamente desconhecida, com pessoas (aparentemente) desconectadas e com pensamentos divergentes, lembre dessa história. O mundo é feito de pessoas diferentes, e são as pessoas diferentes que fazem o mundo evoluir do jeito que evolui, com resultados incríveis.

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Um exemplo de atendimento ao cliente

Imagem de Splitshire
Imagem de Splitshire

Na era da tecnologia, onda a facilidade em se comunicar com as pessoas de qualquer lugar é extremamente fácil, as empresas começaram a visualizar uma nova forma de interação com os clientes, e ganha quem cativa mais e trata eles da forma como sempre deveriam ser tratados: como pessoas (e não como mais um número de vendas).

OBS: Esse post não é patrocinado e todas as informações expostas são com base na minha experiência como cliente.

Recentemente tive duas experiências super inusitadas sobre essa questão com um restaurante de comida chinesa e japonesa daqui de João Pessoa, o Extremo Oriental (sim, vou dar nome aos bois porque acredito que não devemos só falar das marcas e empresas quando pisam na bola conosco, mas também quando marcam um gol). O restaurante fica muito próximo do meu escritório e, acredite se quiser, nunca tinha utilizado o serviço deles ao longo de quase 3 anos. E foi somente no fim do ano passado, após gravar alguns vídeos para o meu canal no YouTube com uns amigos, que almocei lá pela primeira vez.

Quem me conhece sabe como amo comida japonesa e, após ter visitado o restaurante pela primeira vez, passei a buscar sempre uma oportunidade de comer sushi novamente, mas nada em excesso. E foi no primeiro pedido de delivery que eles começaram a me conquistar como cliente.

1ª Experiência

Estava há alguns minutos de um evento no Tot, e morrendo de fome, quando uma amiga sugeriu de pedirmos sushi no Extremo Oriental. Apesar de amar comida japonesa, uma coisa que nunca aprendi foi o nome das coisas, e já imaginei a dificuldade que seria pedir por telefone, mas a vontade era grande. Fizemos a ligação e o atendente, chamado João Paulo, tratou a gente super bem. Ele foi extremamente paciente por não sabermos dizer com clareza o tipo de sushi que queríamos e ainda localizou o escritório no GoogleMaps para mostrar ao motoboy e não errar o endereço. O prazo que era de 40min reduziu-se para 15min (afinal ficamos à 5 quadras deles – mas que, infelizmente para a maioria dos restaurantes, não é motivo da entrega ser mais rápida). Ao chegar a comida, percebemos que eles tinham esquecido o “palitinhos” (hashi) e liguei informando. Em 5min o motoboy voltou com nosso palitinhos e comemos os sushis super felizes. Nunca tinha tido um atendimento de delivery tão paciente e eficiente, mesmo com o descuido dos nossos “talheres”.

Depois dessa experiência, ainda pedi mais 3 vezes sushi com eles e na quarta vez foi que me surpreendi de verdade com o atendimento.

2ª Experiência

Fui fazer o pedido normalmente do meu almoço com eles e liguei para o restaurante:

– Você poderia me ver 12 sushis…

E antes de continuar o atendente (que era o mesmo João Paulo) falou:

– Sem ser frito, sem frutas e sem gergelim, correto senhor?

Dei uma risada e disse:

– Exatamente!

O atendente foi e completou:

– Já sei mais ou menos do que o senhor gosta. Vou separar aqui e peço para o motoboy entregar para você!

Sim! O atendente me surpreendeu dizendo exatamente o que eu gostava de comer. Quantas empresas atendem a sua ligação e já sabem o que você costuma pedir para te oferecer exatamente o que você deseja? Praticamente nenhuma! Fiquei extremamente satisfeito com o atendimento recebido e virei cliente fiel do restaurante.

Essa história toda foi para mostrar que existem várias formas de você conquistar e cativar o cliente com muito pouco. A simples forma como você fala ao telefone (que atualmente muitas empresas deixam de lado em virtude dos inúmeros Apps de delivery), de responder um email, de oferecer o que seu cliente realmente precisa, e não o que você quer vender, são coisas que fazem total diferença entre uma empresa e outra.

Lembre-se disso na hora de prestar um serviço e com certeza você terá clientes comprando não só o seu produto/serviço, mas comprando a sua ideia enquanto empresa e espalhando isso para outras pessoas. E isso, meu amigo, não tem investimento em propaganda que consiga fazer.

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Minha ideia foi por água abaixo

Imagem de huney.co
Imagem de huney.co

A maior alegria de nós, empreendedores, é quando as pessoas compram a nossa ideia de braços abertos. E quando digo “comprar”, falo de entrar no barco junto com a gente, em algo que muitas vezes parece loucura.

Ao mesmo passo, a pior coisa é quando você não recebe a aceitação que imaginava para aquilo lançado. Seja porque a ideia não era tão boa, seja por conta do timing que estava errado e as pessoas não estavam preparadas para receber a novidade, ou até por simples erros do próprio empreendedor que transformaram uma ideia brilhante em catástrofe mundial.

Há muito tempo acompanho um canal no YouTube chamado Fine Brothers Entertainment (FBE), criado por dois irmãos que fazem vídeos de entretenimento. E recentemente eles passaram exatamente por essa situação que comentei, e infelizmente vivenciaram a rejeição do público a um novo projeto.

O FBE é um canal com quase 14 milhões de inscritos e possuem em seu acervo vídeos com mais de 43 milhões de visualizações. Ao longo dos anos criaram uma marca própria e viraram referência no gênero “react”, onde pessoas (crianças, adultos, idosos e youtubers) reagem à praticamente tudo que você puder imaginar, desde comidas até a vídeos virais e novas tecnologias. Com o enorme crescimento, nada melhor que vir com uma inovação para o público que tanto curte o gênero: “Vamos licenciar os programas REACT para qualquer pessoa fazer da mesma forma que nós, com nosso apoio e suporte, e podendo utilizar a nossa marca.”, e foi assim que surgiu o REACT WORLD; algo super normal em canais de televisão, como a gente vê nos realities: The Voice, Big Brother, X Factor, etc. Mas infelizmente, tudo foi por água abaixo. O público, rejeitou, perderam centenas de milhares de inscritos em alguns poucos dias (se não tiverem já chegado a 1 milhão perdido), repercutiram em diversos outros canais do YouTube e ainda sofreram com algo pavoroso para qualquer youtuber: os dislikes nos vídeos.

Após toda a repercussão do anúncio do REACT WORLD, os irmãos da FBE até fizeram um vídeo explicando toda a situação e tentando acalmar os ânimos, mas não tiveram muito sucesso. Então, os eles tomaram a decisão de cancelar o novo projeto, deletaram o vídeo do anúncio e o vídeo de explicação e fizeram um post no Medium esclarecendo tudo.

Não vem ao caso dizer se eles estavam certos ou não em licenciar esse tipo de programa (que é a grande discussão no meio do YouTube), a questão é que eles sofreram a rejeição do público a algo que foi criado com o intuito de impactar positivamente as pessoas. E muitas vezes passamos por essa mesma situação enquanto empreendedores.

Eu mesmo, ao montar a minha empresa, o Tot Coworking, lidei com a barreira cultural que fez com que eu projeto demorasse absurdamente muito mais tempo para pegar vôo do que o que eu tinha imaginado. Isso faz parte do processo, afinal estamos apostando em algo novo, que na maioria das vezes as pessoas não estão acostumadas. Querendo ou não, tudo que é novo tem aquela dualidade: ou vai ser super bem aceito pelo público e um sucesso sem escalas, ou o pessoal não vai curtir e você vai ter um alto índice de rejeição. E quando já temos uma base de clientes, todo cuidado é pouco.

Em momentos como esse temos que estar preparados para qualquer uma das duas possibilidades. Ter um plano B ou preparar as pessoas para a novidade que virá futuramente são extremamente necessárias para conseguir reagir bem ao impacto que as pessoas vão ter sobre a nossa novidade.

Na minha situação, tentei preparar as pessoas para a chegada da minha empresa alguns meses antes da inauguração, mas a minha falta de experiência atrelado ao meu temperamento impulsivo, acabaram gerando um impacto negativo na aceitação do negócio que me custou muito dinheiro por um longo tempo.

A moral da história é: se vai inovar e lançar algo fora do comum para as pessoas ou se vai mudar algo que seus clientes já estão acostumados há anos, tenha muito cuidado, senão sua grande ideia pode ir por água abaixo, e infelizmente seu bolso vai sentir muito.

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O dia em que casei com minha mãe

Photo via VisualHunt.com
Photo via VisualHunt.com

No empreendedorismo existem várias coisas que são extremamente importantes e ao mesmo tempo delicadas. Boa parte delas, se mal feitas, geram consequências bem negativas. Uma delas é montar a empresa com outra pessoa, o chamado: sócio.

Em toda a minha vida sempre tinha convicção que se um dia eu tivesse meu próprio negócio, nunca iria fazer sociedade com familiares. Na minha cabeça, empresas familiares nunca davam certo, salvo raras exceções.

Relações entre pais e filhos, irmãos, tios e primos sempre são delicados no âmbito empresarial. Às vezes a relação familiar é levado em maior consideração do que as próprias competências necessárias para determinadas funções. E é aí que as coisas desandam.

Como sempre tive uma relação muito boa em família, a última coisa que eu queria era que negócios empresariais e dinheiro fossem fatores de desestabilização. Mas, como diz o ditado: por mais que você fuja de algo, se isso for destinado para você, você vai acabar fazendo (ok! eu acabei de inventar isso).

Quando tomei a decisão de empreender no Tot Coworking, naturalmente acabei fazendo a proposta para minha mãe; tudo em virtude da proximidade que sempre tivemos e por saber que ela tinha uma visão semelhante à minha para essa filosofia de colaboração. Fui como quem não quer nada, e para minha surpresa, ela disse sim. Pareceu até casamento. No dia seguinte pedi demissão do estágio e começamos já procurando o imóvel, pensando no nome e tudo que vinha por trás da decisão de montar uma empresa.

Confesso que no início fiquei muito apreensivo com essa relação mãe/sócia. Várias vezes pensei em desistir de tudo antes mesmo de inaugurar a empresa. Mas quando parei e percebi como trabalhávamos bem em conjunto e nos completávamos nas atividades e decisões do negócio, ficava grato por ter ela junto comigo nessa aventura empreendedora. A diferença de idade (mais de 25 anos), expertises, opiniões e visões sobre as coisas foram fundamentais para dar certo essa parceria que temos.

Li uma vez um comentário do Abílio Diniz que dizia que empresas familiares só davam certo se elas simplesmente não se encarassem como familiares. E essa foi uma das coisas que deixamos bem claro no início da nossa sociedade: mãe e filho, negócios à parte. Apesar de não ser nada fácil fazer essa separação, era extremamente necessário para a saúde dos negócios.

Hoje, quase 4 anos depois de termos iniciado a sociedade, já tiramos de letra tudo isso. Lógico que às vezes acontece um ou outro deslize, mas nada que comprometa a empresa.

Sociedade é realmente igual a casamento. Você começa amando essa parceria, tem momentos que não quer ver a pessoa nem pintada à ouro, tem vontade de desistir e se separar, dá muitas risadas juntos, planejam o futuro como esperam e trabalham juntos para conseguir tudo isso.

Então a dica que deixo é: procure uma pessoa que te complemente e não que seja 100% sua cópia. Afinal de contas, ninguém precisa de uma pessoa confirmando tudo que você diz e pensa, mas que confronte e faça você abrir os olhos para pontos que você não consegue enxergar.