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Crítica – Os miseráveis

Les Miserables
Reino Unido – 158 min. Musical.

Direção: Tom Hooper Roteiro: William Nicholson Elenco: Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway,Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen, Helena Bonham Carter, Eddie Redmayne, Aaron Tveit, Samantha Barks, Daniel Huttlestone

Os miseráveis, adaptação do musical britânico de 1980 conhecido informalmente como Les Mis, chegou essa última sexta-feira aos cinemas brasileiros provocando as mais diversas opiniões. A obra original, escrita ao longo de trinta anos pelo francês Victor Hugo, foi lançada em 1862 e foi um sucesso imediato, não só na França, mas em toda a Europa. Após muitas adaptações, algumas delas diretamente do romance original, o cinesta inglês Tom Hopper resolveu levar para as telas um dos musicais mais conhecidos do mundo. O resultado foi um grandioso espetáculo visual marcado por atuações brilhantes e comoventes. O filme peca em alguns aspectos e alguns atores deixam a desejar, mas é impossível não se comover com a história de Jean Valjean (Hugh Jackman) e não sair cantando das salas de cinema.

Após roubar um pedaço de pão para alimentar seu sobrinho, Jean Valjean (Hugh Jackman) passa 19 anos preso e condenado a serviços pesados sob o olhar atento do oficial de convicções rígidas Javert (Russel Crowe). Ao receber liberdade condicional, Valjean rasga seus documentos e decide recomeçar sua vida e, após anos em exílio, retorna como figura amada pela população. Decidido a perseguir tal criminoso, o oficial Javert reaparece inúmeras vezes como uma assombração na vida de Jean. Destinado à essa vida de fugas, Jean vê em Cosette (Isabelle Allen/Amanda Seyfried), filha da Fantine (Anne Hathaway), uma chance de ser feliz. Tudo isso no país que lutou pela liberdade e que agora luta por pão, como diz o jovem Gavroche (Daniel Huttlestone) na canção “Look Down”, uma das melhores do filme.

 Tom Hopper (O Discurso do Rei, 2010) ainda que ótimo quanto à direção de atores, deixa a desejar em alguns momentos. Utilizando dos mesmos recursos de fotografia que em seu longa anterior: close-ups, grandes-oculares excessivas, e personagens enquadrados nas laterais, os truques parecem funcionar em algumas situações ao retratar a solidão e o deslocamento do personagem, em outras se torna mais um capricho que não condiz com a cena. Os grandes destaques são mesmo o conjunto de atuações, a caprichosa direção de arte e figurino que fazem os olhos saltarem na tela com cenários gigantescos e inúmeros figurantes que dão uma ideia de teatro épico.

O diretor foi feliz ao captar as vozes dos atores ao vivo nos sets de filmagens e não meses antes em um estúdio, conseguindo extrair um melhor desempenho dos atores. Com destaque para a incrível Anne Hathaway e para o Hugh Jackman, ambos provavelmente em seus melhores desempenhos na carreira. É visível o empenho do Jackman em seu papel, seja em cenas em que suas veias saltam da testa ao cantar ou onde seus olhos estão vermelhos e ressecados de verdade devidos a sua dieta maluca de 36 horas sem água em busca de um aspecto mais realista. A Anne é simplesmente incrível interpretando a Fantine, mulher que se vê no fundo do poço, ao vender seus dentes, cabelos e seu corpo para sustentar a filha. O ponto alto de sua interpretação é ao cantar a conhecida “I dremead a dream”, em uma cena emocionante composta quase que completa por close ups e com pouquíssimos cortes, é evidente a completa entrega da atriz ao personagem.

Quem realmente desaponta é Russel Crowe que parece ter problemas pra alcançar algumas notas e acabar por compor um personagem sem sal, ficando muito atrás do restante do elenco. Sacha Baron Cohen, apesar de ainda trazer traços de Borat, e a Helena Boham Carter, ainda parecendo ter saído de um filme de Tim Burton, constituem um comic relief para o filme, como casal trambiqueiro dono de uma estalagem, mesmo que destoando um pouco do tom geral.
Com grande parte do filme cantado (apenas algumas palavras são faladas), o musical de quase três horas de duração pode afastar alguns espectadores e ainda dividir opiniões, afinal ou você ama ou odeia musicais. Pode parecer ridículo, mas se você se entregar as incríveis atuações potencializadas pelas músicas grandiosas e se deixar levar pela situação dos personagens, o filme não parecerá longo, ao contrário, será prazeroso de assistir. Além do mais, o filme consegue passar o peso das questões sociais e até espirituais levantadas por Victor Hugo através de canções, de um ótimo elenco e de cenários grandiosos. Essa é a melhor parte. 

Já estou torcendo pela Anne no Oscar, e vocês o que acham?

Postado por

Minna Miná

Estudante de Comunicação em Mídias Digitais na UFPB e ilustradora, publico meus trabalhos na internet desde 2008 e encontrei no meio uma forma de obter retorno e conhecer novos artistas. Adoro filmes, leio sobre filmes, faço resenhas sobre filmes aqui no blog e nas horas vagas, adivinhem só, amo ir ao cinema.

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